Fabian Cancellara foi um mestre em escolher o momento certo para atacar. Em corridas de estrada, o momentto certo para atacar é algo muito delicado, ataque muito cedo e logo será engolido pelo pelotão, espere demais para atacar e já será tarde demais. Existem diversos fatores que influenciam diretamente na tomada de decisão do atleta, mas para Fabian Cancellara, um dos maiores ciclistas que já vimos correr, o momento certo para atacar é algo institivo, que os melhores pilotos podem sentir.
Cancellara evoluiu bastante ao longo de sua carreira, aprimorou o “jogo do blefe” durante o sprinter final, mas em seus primeiros anos ele sua marca principal era a escolha do momento preciso para o ataque, geralmente bem antes da linha chegada, mas a uma distância suficiente para que seus rivais caissem de lado enquanto suas pernas trabalhavam a todo vapor. Cancellara sabia que quando suas pernas estão queimando e seu corpo estava no limite, seus rivais estavam sofrendo muito mais.
Seus ataques eram mascarados por uma serenidade bizarra, normalmente ele estava sentado ao selim, com um olhar sereno sem demonstrar fraquezas. Fabian Canellara foi um dos melhores contra-relogistas de todos os tempos, conquistando quatro títulos mundiais e dois ouros olímpicos.
Conhecido no pelotão como ‘Spartacus’, Cancellara surgia através da poeira e sujeira das grandes Clássicas como uma besta, assim foi na Paris-Roubaix em 2010, quando ele atacou o pelotão e cruzou a linha de chegada no Velodromo de Roubaix sozinho, ou sua vitória na Volta à Flandres em 2013, quando sentiu Peter Sagan enfraquecer e acelerou para a vitória.
Em entrevista a Lawrence Ostlere, Cancellara explica, “É instinto, não adianta o atleta atacar no quilômetro alguém mandar, isso não funciona. Isso vem com o instinto e é daí que consegui o meu sucesso. Você pode ser tão forte quanto um cavalo, tão forte quanto quiser, mas na corrida, nem sempre o mais forte ganha, você precisa sempre se adaptar. E se você não puder se adaptar – boom -, tudo esta perdido”.
“Eu preciso andar uma ou duas horas. Eu não preciso de cinco ou seis horas, ou da competição. De vez em quando eu gosto de fazer um treino mais intenso, mas andar de bicicleta é sobre bem-estar mental não mais sobre performance…Sem equilíbrio, você não fica, você cai”.
Ele continua sendo um fã do esporte e, ao contrário de muitos, incluindo o chefe da UCI, David Lappartient, ele não vê o domínio do Team Sky como um problema. “Team Sky tem o melhor time, e eles vão muito além de ter os melhores pilotos, o Team Sky investe em treinamento, pesquisas, psicologia do esporte, e etc, eles estão um pouco à frente das demais equipes. Eu acho que o impacto disso para o esporte é definitivamente positivo. As outras equipes precisam trabalhar mais ou ser mais inteligentes. Porque alguém tem mais dinheiro, isso não significa que eles sempre têm que ser os mais fortes.
“É muito fácil apontar para eles”, diz ele, antes de acrescentar algo que talvez venha da experiência pessoal. “Porque se alguém é bom demais, todo mundo aponta. Isso é normal.”
Corrida de bicicleta era um negócio, e Cancellara tinha um instinto feroz para as corridas, mas para ele a bicicleta significa muito mais. Esta é a sua própria fé, e é uma que que nunca será quebrada.
Vídeo com melhores momentos de Fabian Cancellara
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