Um grande amigo e companheiro de treino (ultimamente anda desanimado com os treinos) Marcelo Frossard, também conhecido como “Maminha”, escreveu um relato sobre a sua participação na competição de estágios de MTB mais difícil do mundo, o Brasil Ride.
Vejam aqui a terceira e última parte do texto
Texto por Marcelo Frossard
Último dia – Etapa final.
Essa largada é bem legal porque todo mundo está meio nostálgico no alinhamento. Fica a sensação de que vamos apenas cumprir tabela mas que o fim já está sacramentado. Quem chega até aqui tem a sensação de que a camisa de Finisher está 99,9% garantida.
O Brasil Ride sempre promove uma competição local pra desenvolver o ciclismo do Estado. Em 2014 não foi diferente, pior, a prova contava pontos para o campeonato Baiano.
Não preciso nem falar que toda a elite do Estado estava lá. Os caras ficaram alinhados logo atrás da gente. Todos com sangue nos olhos, pupilas dilatadas, dentes serrados e testas franzidas. O único pensamento deles é: “ Vamos esmagar esses PDRs”.
Largamos com 15 minutos de vantagem e mais de 30 horas de MTB acumuladas.
Nesse dia não levei meu frequencímetro. A perna, por incrível que pareça, estava boa e falei pro Geraldo pra tentarmos andar num ritmo mais forte, afinal de contas, se quebrássemos, o tempo de corte era bem fácil de atingir e, no dia seguinte, o máximo que ia acontecer seriam cãibras durante a viagem de volta.
Assim fomos, grande parte em um pelote que se formou depois de um dos pontos de apoio e foi junto até quase o fim.
Essa etapa é muuuuito massa, começa no asfalto, todo mundo encaixotado, se escondendo do vento e tentando ficar no pelotão principal o máximo de tempo. Lógico que a coisa vai quebrando e se formam vários pelotões menores de pessoas que estão andando no mesmo ritmo. Assim seguimos até quase 50 kms. Tudo plano!
De repente, uma curva pra esquerda e entramos em um singletrack que anda no pé de um daqueles morros típicos da chapada. O single é maneiríssimo, técnico na medida, subidas sempre bem curtas e sem empurra bike.
Andamos cerca de 1:30 nele e saímos na estrada já em direção à cidade pra fazer a última parte do prólogo. Não posso deixar de registrar aqui um dos momentos mais tristes do Brasil Ride. Quando estávamos perto do fim do single, avistamos a dupla composta pelo Decanha e Pauleti, empurrando a bike! Passamos por eles e perguntamos o que tinha acontecido, quando o Decanha apontou pra suspensão dianteira de sua bike. A braçadeira que segura a suspensão no quadro tinha simplesmente partido. Como é uma Left, perda total, nada a fazer!! Sem chance!! Perguntamos se queriam ajuda mas nada podia ser feito. Então seguimos.
Eu e Geraldo passamos o resto da prova pensando como eles iam fazer pra se virar, afinal de contas estavam em 3 lugar na categoria. No final do dia tivemos a triste notícia que eles tiveram que abandonar.
Fica registrada a minha tristeza porque os dois são alguns dos caras mais legais que já conheci no MTB. Duas figuras, com eles é risada o tempo todo. Além de andarem muuuuito. Tenho certeza que Deus errou nesse dia, era pra outra dupla quebrar e não eles. Vocês merecem demais!! Grande abraço e quando tiverem paciência, quiserem fazer uma boa ação e testar a paciência, a gente anda junto!!!kkk
Voltando à prova, um momento engraçado é que temos que passar ao lado do pórtico de chegada pra entrar no prólogo. No nosso casos, quando passamos, já tinha uma turma que já tinha concluído a prova, ver os caras tomando cerveja e comemorando e nós ali tão perto, foda.
Mas segue a vida e vamos ao prólogo. Esse ano tínhamos que passar somente pelas duas primeiras partes, o que ajudou muito.
Na saída do trecho de pedras, logo antes da cidade, encontramos a dupla de Montes Claros que tinham nos ajudado no dia que o Geraldo teve que visitar o posto médico. O pai dos caras estava lá pra tirar fotos. Não pensamos duas vezes, paramos e fomos tirar fotos. O mais engraçado é que a galera que vinha atrás parou e esperou na boa!! Alguns até entraram na foto!
Fotos tiradas, seguimos mais uns 2 kms e, enfim o pórtico de chegada. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas não gostei de ver a linha de chegada. Naquele momento caiu a ficha de que a prova tinha acabado!! Bateu uma mini depressão. Não queria que acabasse. Foi a sensação mais estranha da vida, passei sete dias me fudendo de tudo quanto é jeito e agora, prestes a acabar o sofrimento, estava triste. Coloquei minha sanidade mental em dúvida.
Mas se você está lendo este texto e pensando em ir, você também é louco!! Cruzamos a linha de chegada, ganhamos a tão sonhada camisa de Finisher ( feia pra caralho) e a medalha (essa sim me representa).
Quando cheguei no lounge encontrei o pessoal do Pedal Urbano (Guto e Marcelo) me esperando com uma cerveja bem gelada! Já gostava dos caras, depois disso eu os amo!!kkk
Aí foi só farra e cerveja!!
Assim terminou o Brasil Ride 2014 pra esse PDR aqui.
Considerações finais
Não poderia escrever qualquer coisa sobre o Brasil Ride e deixar de citar algumas pessoas.
O primeiro a ser lembrado é meu parceiro, Geraldão, obrigado por me proporcionar essa experiência e ajudar na realização de um sonho. A parceria foi muito top. Todo o sofrimento acumulado resultou em uma amizade muito mais forte. Entramos no Brasil Ride como parceiros e hoje tenho você como um grande amigo, um cara que sei que posso contar sempre. Conte comigo sempre!!! Obrigado de coração!!!
Henrique Andrade e Weimar, sem vocês essa brincadeira não teria acontecido! Se nas etapas eu tinha apenas um parceiro, no resto do tempo éramos um quarteto. A barriga chega doía de tanto rir!! As filmagem pra matérias do site foram sensacionais!!!! Valeu turma.
Marconi Rbeiro – Cabeleira – Obrigado pelo emprenho no treinamento!! Foi bom demais!! Por incrível que pareça, a parte física foi a mais fácil e isso só foi assim por conta da sua competência. As planilhas foram fundamentais. Recomendo muito!!
Abraão Azevedo, um monstro. Ganhou todas as edições e continua sendo um dos caras mais simples que conheço. Foi e voltou de carro conosco e o tempo todo foi dando dicas. Patrão, valeu pela ajuda!!
Fabrício Fontoura, valeu demais pela amizade e experiência. Foi um dos que fez a aventura ficar mais divertida.
Um cara que, pra mim, foi o grande atleta de toda a prova é o Paulada.
Pra quem não conhece esse ET ( o cara não pode ser deste planeta), o Paulada é daqui de Brasília e formou, com o Heleno, a dupla campeã da categoria Gran Máster.
Minha admiração pelo Paulada vem de algum tempo, desde que comecei a andar de MTB. Ele faz parte da ex equipe do Henrique Andrade e costuma, aos finais de semana, ir andar conosco. O cara é super simples, gente boa demais e anda que nem gente grande.
Não bastasse isso, eu descobri no Brasil Ride que ele é o pai do Wolverine. O cara levou um tombo no meio da quinta etapa, deslocou o ombro, luxou os ligamentos do ombro, quebrou o coquis, estirou a lombar, simplesmente levantou, bateu a poeira, deu um gemido (afinal de contas ninguém é de ferro) e completou a etapa.
No dia seguinte, o fisioterapeuta amarrou ele com kinesio tape, o Heleno deu uma ajuda pra subir na bike e ele completou mais uma etapa, de 154 kms, em segundo lugar. Fala sério!
No último dia, a coisa estava tão feia que ele precisou de ajuda pra tomar banho mas mesmo assim completou a prova em primeiro lugar geral com uma considerável diferença em relação ao segundo lugar.
O cara deu um novo significado à palavra monstro!!
Paulada, já falei isso pessoalmente a você diversas vezes mas nunca canso de repetir: Você é um monstro!! Sou seu fã!!!!!
Pessoal da Pedal Urbano – Guto, Marcelo, Zé, Renatão e mais alguns que eu esqueci o nome ( o Alzheimer está me consumido) muito obrigado pelo apoio e pelas risadas!!! A companhia de vocês fez a prova muito melhor!!!
Pra finalizar, eu sei que isso vai me custar caro, mas gostaria de fazer um pedido público à minha esposa pra que ela permita que eu faça o Brasil Ride em 2015!!
Galera, ajuda aí. Vamos fazer um abaixo assinado!! Contratar um aviãozinho daqueles que passa com faixas na praia, sei lá!! Qualquer coisa!!ahahaahh