Depois do pódio na Vuelta da Espanha 2018 – apenas sua segunda Grande Volta – as expectativas em torno de Enric Mas são mais altas do que nunca. O ciclista apelidado de “o novo Alberto Contador” vai para o Tour de France pela primeira vez em 2019 e suas próprias esperanças são tão altas que ele insistiu que estará lá para tentar vencer.
Enric Mas debateu sobre sua estréia no Tour de France na semana passada, com a imprensa especializada na apresentação da equipe Deceunicnk-Quick-Step. Momentos antes, o técnico da Quick-Step, Patrick Lefevere, havia feito referência ao apelido de “próximo Contador” – apelido este dado pelo próprio Alberto Contador – e como era um “cálice envenenado”.
Enric, que no passado pediu para “ser visto apenas como o primeiro Enric Mas e não como Novo Alberto Contador”, parece ter desviado com sucesso a pressão, tendo completado apenas 24 anos na semana passada.
“Hoje eu trato isso como uma piada”, disse Mas, sobre as comparações com Contador. “A pressão que eu coloco em mim é a maior de todas.”
Além de ter corrido pela equipe de desenvolvimento da Fundación Contador, a rapidez da ascensão de Mas atrai comparações com Contador, que venceu o Tour de France em 2007, justamente na sua segunda aparição em grandes voltas.
Enric Mas tornou-se profissional com a Quick-Step em 2017, correndo a Vuelta da Espanha logo em sua primeira temporada, e retornou em 2018 para conquistar um memorável terceiro lugar.
Capitão no Tour
Enquanto Bob Jungels, outro capitão da equipe em grandes voltas, correrá o Giro d’Italia em 2019, Enric se sente pronto para liderar a equipe no Tour de France.
“Algumas pessoas dizem que eu perdi um trampolim por não ir ao Giro. Mas eu corri a Vuelta duas vezes. Eu não sei se estou preparado para o Tour, mas me sinto preparado”, “Estou imaginando uma primeira semana com muita tensão, muitas quedas. Depois disso, conforme os dias passam, as coisas devem ficar mais relaxadas”, disse Enric, demonstrando maturidade.
Quanto a suas esperanças, Enric Mas, que superou todas as expectativas com sua corrida na Vuelta, entende os desafios do Tour, mas não hesita sobre seu potencial.
“Pessoalmente, quero vencer“, disse ele. “Eu estou indo lá para conhecer a corrida. Eu nunca estive lá, então vamos ver o que acontece.”
Apoio da equipe
Uma questão que vem à tona desde o surgimento precoce de Enric Mas como um concorrente de grandes voltas é sua equipe. A Quick-Step, embora uma das equipes mais bem-sucedidas, é uma equipe construída para as Clássicas e, quando se trata dos Grand Tours, é uma equipe que corre para vencer etapas, e não a classificação geral.
A equipe está em débito quando se trata de apoiar um capitão numa grande volta, por três semanas nas montanhas. Depois da Vuelta, Enric está, teoricamente, em uma posição de procurar mais apoio para as suas ambições, e já circulam boatos de sua saída da Quick-Step.
Enric argumentou que, se ele fosse para um time tradicionalmente voltado para o grandes voltas, como Sky ou Movistar, ele não teria tido as oportunidades que teve na Quick-Step e provavelmente não seria hoje um possível capitão de grandes voltas, com um pódio na Vuelta.
“São times diferentes. Eles colocam tudo atrás de uma coisa, enquanto nesta equipe vamos para etapas e GC. É diferente. Na Vuelta, Viviani também estava lá e venceu etapas, e eu consegui entrar no pódio, então eu não sei”, disse Mas.
“Se eu tivesse ido para o Sky ou para o Movistar, eu não teria tido o status nem nada. Há muitos caras lá que seriam capitães em outras equipes. Eu poderia nem ter corrido uma grande volta. Aqui, na Quick-Step, eu já consegui correr duas e terminar no pódio em uma delas. ”
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Ele se vira sozinho
Assim como aconteceu com a Vuelta, Enric irá para o Tour como um lobo solitário, com Viviani correndo pelos sprints, com alguns embaladores, e Julian Alaphilippe e Philippe Gilbert correndo para vencer etapas.
O diretor, Lefevere, não esconde isso, chegando a sugerir que Enric Mas não precisa de apoio da equipe no Tour.
“Nós não temos que ajudá-lo neste ano; Sky e Movistar vão ajudar. Eles controlam a corrida, ficamos na roda. Se as pernas estiverem boas para vencê-los, você os derrotará”, disse ele.
Você vê o que acontece no Tour – há sempre um cara que controla a corrida até alguns quilômetros do final, então Froome tenta atacar, e se ele não estiver bem, então Thomas ataca. É a mesma história com Movistar; eles estão sempre travando a corrida. Bem, quanto mais eles travarem a corrida, melhor para Enric Mas. ”
Dito isso, Lefevere insistiu que, se Enric Mas renovar o seu contrato, ele não ficará nessa situação para sempre.
“Se ele ficar comigo até 2021, vou contratar os gregários que ele merece.”
Artigo original Cyclingnews