Olá pessoal, um leitor do site, que se chama Felipe Elias, fez a gentileza de me mandar essa entrevista feita por ele com Tao Geoghegan Hart, participante do Programa de Desenvolvimento Olímpico.
Entrevista
O ciclismo britânico já conquistou um total de 12 medalhas nestas Olimpíadas, sendo 8 delas de ouro. Levando também em consideração os triunfos de Bradley Wiggins no Tour de France e da Sky Procycling durante toda a temporada até agora, não há como ignorar a pergunta: o que que os britânicos estão fazendo tão certo?
Entre muitas outras coisas, um forte investimento na “base” é com certeza um dos fatores que levaram o time britânico ao nível de sucesso do qual estão disfrutando.
Tao Geoghegan Hart, ciclista de 17 anos integrante do Programa de Desenvolvimento Olímpico é um exemplo de potencial e talento transformando-se em resultados e conquistas, e esperança para o futuro.
Como o ciclismo entrou na sua vida?
Eu sempre fui competitivo e antes de pedalar eu jogava futebol e nadava, e aos 13 anos fui parte de um time que cruzou o canal da mancha nadando. Pouco tempo depois disso eu participei da Dunwich Dynamo (um passeio ciclístico noturno de 200 km, de Londres a cidade litorânea de Dunwich), peguei gosto pelo esporte e comecei a treinar e competir pelo Clube de Ciclismo de Hackney.
Como foi sua primeira competição, e sua primeira vitória?
Na minha primeira corrida eu cheguei em penúltimo! E pra falar a verdade, não me lembro da minha primeira vitória. Mas vencer é sempre muito bom. Quanto maior a competição, maior a tensão e a ansiedade, e maior a emoção no final.
Quais foram os principais momentos de sua carreira até agora? Como foi o seu trajeto até o Programa de Desenvolvimento Olímpico?
Em 2010 eu fui selecionado para o time do Talento Britânico, um programa de treinamento que visa selecionar jovens para o programa olímpico. Os jogos Olímpicos Europeus da Juventude, na Turquia, o campeonato Britânico por pontos e o Nacional de pista foram competições super importantes em 2011, e no final daquele ano fui chamado para o Programa de Desenvolvimento Olímpico. Em 2012, na primeira corrida do Campeonato Nacional, bati a prova e mostrei pra todo mundo que eu não estou no ranking júnior só de brincadeira.
Qual foi a melhor corrida que você não ganhou?
Foi provavelmente o contra relógio nos Jogos Olímpicos Europeus da Juventude, na Turquia, em 2011. Até então, eu não tinha pensado que podia ir bem em um contra-relógio, mas acabei fazendo 4o lugar e desde então sempre chego com mais confiança nas provas de crono.
Outra prova muito bacana, que eu também não ganhei, foi a Paris-Roubaix júnior deste ano. Eu vinha pedalando forte e me sentindo bem, mas levei um tombo a 30km do final e minhas chances terminaram. Porém eu estava trabalhando para um companheiro de equipe e ele acabou em terceiro, então valeu a pena. Mas no ano que vem eu voltarei, pra revanche!
Que tipo de sacriícios você faz em nome do esporte?
O maior sacrifício é não sair com os amigos pra festas e coisas do tipo durante alguns períodos. Também tenho que tomar cuidado com o que eu como, mas isso não é tão difícil.
O que é que o esporte te traz, pra sua vida e seu crescimento como pessoa?
Por causa do esporte, eu tenho que viajar bastante e passar períodos longe de casa. Isso faz com que você dê mais valor às coisas, quando você está em sua casa, com sua família. Através do esporte eu conheci pessoas e fiz amigos por todo o país, além de ter contato com povos e culturas diferentes.
Como é uma semana normal de treinamento pra você?
Nornalmente, na segunda-feira eu descanso. Na terça, faço uma sessão no “turbo trainer”, com algum tipo de trabalho de intervalos. Na quarta eu saio pra um pedal mais longo (normalmente umas 4 horas), pra manter a resistência, e na quinta é dia de trabalho de velocidade, intervalos ou alguma competição local. Na sexta eu descanço, se for ter corrida no fim de semana, e se não, é dia de treino forte de novo. Sábado é só um pedal leve pra soltar as pernas, antes da corrida de domingo. Além disso, têm os treinos com o ODP (sigla em inglês para Programa de Desenvolvimento Olímpico) em Newport ou no País de Gales e as corridas de etapas pela Europa.
Quais são os seus principais objetivos para o resto da temporada 2012?
Campeonato Europeu de pista, Europeu e Mundial de estrada e crono, o Tour Júnior do País de Gales e o Campeonato Britânico de pista.
Quem é o seu ciclista favorito, seu exemplo no esporte?
Atualmente é o Bradley Wiggins. Ele também é daqui de Londres, eu tenho um físico parecido com o dele, além dele também ter corrido na pista no início da carreira. Ele é um modelo a ser seguido e seria um sonho conquistar tudo o que ele já conquistou até aqui. Além disso, ele tem um super estilo na bike, que eu tento imitar quando estou treinando e competindo.
O público brasileiro pode esperar ver você no Rio em 2016?
Isso seria uma meta enorme. Julgando pela faixa etária dos ciclistas que estão no time olímpico deste ano, acho que em 2016 eu ainda seria muito novo (Tao completa 21 anos em 2016). Mas também depende muito do perfil da prova, e de quanto eu evoluí daqui até lá. Ainda falta bastante, mas é claro que esse pensamento existe. O tempo dirá.
Tao corre no circuito nacional pelo Hackney Cycling Club, e tem o patrocínio da Rapha, da Condor Cycles e da Madison Distribuidora.
Você pode seguir Tao em seu blog e no twitter:
http://taogeogheganhart.blogspot.co.uk/
https://twitter.com/#!/taogeoghegan