Existem algumas razões óbvias para se tentar uma fuga numa corrida de ciclismo, outras nem tanto.
Quando assistimos uma corrida é normal sempre torcer pela fuga, eu pelo menos sou assim, gosto de acreditar que aqueles guerreiros vão sobrevier até o fim e bater a chegada antes do pelotão, mas nem sempre isso acontece, e nem sempre é isso que o atleta “escapado” quer. Estranho, né?
Quem acompanha o ciclismo de estrada já deve ter acompanhando algumas etapas em que a fuga foi fundamental para o resultado final, outras em que a fuga foi neutralizada logo cedo, enfim várias situações distintas.
Aqui vamos tentar mostrar rapidamente algumas das razões que levam os atletas a tentar a tão famosa “FUGA”.
Para exibir a marca dos patrocinadores
Já percebeu que normalmente aquelas fugas que saem logo que é dada a largada, “a fuga de bandeirada” é formada por ciclistas de equipes de menor expressão?
Bem, em primeiro lugar, ninguém vai deixar um favorito sair escapado e abrir uma larga vantagem – enquanto que os “desconhecidos” têm muito mais probabilidades de terem a permissão do pelotão para andarem na fuga.
Em segundo lugar: se você não é particularmente propenso a cruzar a linha de chegada com os braços erguidos, comemorando a vitória, então qual seria a melhor oportunidade para exibir a camisa da sua equipe por algum tempo na TV do que com um dia de fuga?
Para abrir caminho para um companheiro de equipe
Às vezes, o ciclista na fuga está ali por uma estratégia da equipe.
Deixar o pelotão perseguir, essa pode ser a estratégia adotada pela equipe que vem guardando seu capitão. As equipes mais ansiosas pela vitória podem fazer o trabalho, enquanto o capitão da outra equipe está “guardado” dentro do grupo. Assim que a fuga for neutralizada, o verdadeiro ciclista que estava sendo protegido pela equipe pode atacar sentirá o vento pela primeira vez naquele dia.
Em outra situação de montanha um gregário pode sair logo na fuga inicial do dia, e quando o pelotão chegar na montanha ele aguarda seu capitão para ajudar na última subida do dia por exemplo, como já vimos inúmeras vezes no Tour de France.
Porque a corrida/etapa passa pela sua cidade natal
Por mais bobo que nos pareça esse motivo, isso ocorre com muita frequência.
Se o ciclista em questão não é realmente uma ameaça, o pelotão pode muito bem deixá-los interpretar uma fuga teatral da cidade natal. Porque quem nunca sonhou em passar sua própria cidade, escapado com dois minutos de vantagem para o pelotão? Em alguns casos os atletas param e abraçam os familiares enquanto o pelotão vem alcançando a fuga.
Porque a etapa é longa e chata
A etapa mais longa do Tour de France deste ano teve 230 quilômetros. O resultado foi decidido no sprint final, eventualmente vencido por Dylan Groenewegen, que bateu Fernando Gaviria – mas durante o dia, quatro escapados passaram a etapa inteira se revezando apenas para serem pegos quando a linha de chegada se aproximava.
“Dias de 230km são chatos e não fazem sentido”, foi o que disse Alejandro Valverde logo após a etapa. Peter Sagan foi outro que se manifestou, afirmando que “hoje será um dia chato”.
Mas perceba, os velocistas (sprinters) nunca vão se colocar no vento o dia todo apenas para acabar com a monotonia de uma etapa – mas outra pessoa poderia.
O mesmo se aplica em um dia frio e úmido, quando estar sozinho significa, pelo menos, esquentar o corpo – e os jovens com um pouco mais ímpeto em seus motores do que juízo na cabeça são os candidatos a fazerem a fuga do dia.
Para fazer o show
Nem todo mundo tem o espectador em mente, mas Peter Sagan é favorável a essa estratégia, então às vezes um ciclista só quer proporcionar um belo espetáculo.
“Os fãs apreciam isso [esforço e coragem], então estou muito feliz em fazer isso para os fãs, é legal.”
“Eu não me importo com vitórias, é mais sobre o show”, disse o ex-campeão mundial depois de ter conquistado três vice campeonatos na prova Tirreno Adriático.
Não tenho certeza se podemos acreditar 100% nele – mas é algo deve ser levado em consideração. Sempre admirei os ciclistas “valentes” aqueles que buscam a vitória, que correm riscos contra o pelotão.
E agora o motivo mais óbvio de todos: Tentar GANHAR!
Bem, também há esse motivo para fugir do pelotão: o desejo de vencer a etapa/corrida.
A fuga mais notável de 2018 foi a fuga solo de Chris Froome por 80km para vencer a 19ª etapa Giro d’Italia. Foi uma “fuga raíz”, lembrando os velhos tempos do ciclismo no estilo de Fausto Coppi e Eddy Merckx nos tempos passados.
Não é fácil para um ciclista tão marcado vencer dessa forma, mas quando isso acontece, é espetacular.