Muitas pessoas, principalmente aqui no Brasil, não conseguem aceitar que a bike pode ser uma das soluções para os problemas de mobilidade urbana das grandes cidades.
A argumentação é sempre a mesma: “Em cidades que nem Rio em São Paulo, não tem jeito de andar de bicicleta, atrapalha o trânsito, atrasa a minha vida, tem muita subida, lugar de bike é na calçada…”etc. Vocês provavelmente já escutaram algumas dessas pérolas. Basta essas pessoas terem curiosidade de ver como funciona em outros lugares do mundo, que a argumentação deles cai por terra.
Na segunda matéria da série PraQuemPedala na França, resolvi abordar esse assunto. Tive a oportunidade de conhecer as duas maiores cidades da França: Paris e Lyon.
As duas cidades possuem um gigantesco sistema de transporte coletivo, com linhas de metrô que te levam para qualquer lugar, além de bondes elétricos, trens, ônibus… Enfim. Ter carro é totalmente desnecessário. E além disso tudo, tanto Paris como Lyon possuem um vasto sistema de compartilhamento de bicicleta.
Em Paris o sistema se chama “Velib”. São estações onde ficam estacionadas diversas bicicletas e tem um totem no meio para que você possa alugar a sua bike. O preço da “diária”, ou seja, para ficar 24 horas com uma bike, é de 1,7 Euro.
São no total 1.230 estações espalhadas pela cidade e mais de 14 mil bicicletas... Isso mesmo! 14 mil!!!! É impressionante! Praticamente todas as ruas da cidade possuem uma estação. É bem interessante de se ver.
E para ajudar os usuários, principalmente os turistas, eles lançaram até um livro que se chama “Paris à Valib”, mostrando rodas e caminhos para se chegar em todos os pontos turísticos da cidade utilizando as bikes alugáveis.
Já em Lyon, a segunda maior cidade da França, a quantidade estações é menor, até porque a cidade é relativamente menor que Paris. Mas mesmo assim existe uma abundância de estações por toda a cidade. Totalizando 345 unidades do sistema que se chama VéloV.
Em Lyon nós tivemos a oportunidade de dar uma pedalada com as bicicletinhas. São bikes bastante simples, com um dínamo na roda dianteira que alimenta um farol e um pisca traseiro. Ela vem equipada com um grupo Shimano Nexus com três marchas no interior do cubo e uma manete Grip-Shift. O canote de dlim possui um quick-release para ajustar facilmente a altura do selim.
Para alugar a bike basta você chegar no Totem, colocar o seu cartão e eles fazem o bloqueio de 150 Euros na sua conta, caso você não devolva a bike. Quando você a devolve ele retira o bloqueio. A primeira meia hora é gratuita e a diária é de 1,5 Euro.
Eu e minha namorada pegamos as bikes para visitar alguns lugares que queríamos e é muito bacana. Tem gente andando de bicicleta para tudo que é lado. Em boa parte das ruas existe ciclofaixas e mesmo quando não existe, você pode andar na rua sem problema algum, ninguém buzina para você, ninguém te fecha, xinga, cospe, taca copo… Nada do que acontece por aqui.
Uma coisa que é bacana é que a bike vem com um cabo de aço na sestinha que serve como cadeado. Você prende a ponta do cabo na bike e uma pequena chave se desprende e você pode ir passear e depois voltar para buscar a bike. O que é bem facilitado, uma vez que existem bicicletários públicos e privados em absolutamente todos os estabelecimentos das duas cidades.
Depois, na hora de devolver bastante colocar a bike novamente em qualquer das estações da cidade, encaixa-la no local indicado e pronto…
É muito legal ver que o uso da bike nas grandes cidades é um realidade e ajuda MUITO a desafogar o trânsito. O que se repara é que a própria população usa com muita freqüência as bicicletas alugáveis para se locomover no dia a dia.
Temos algumas cidades no Brasil que já possuem sistema parecidos, a educação da população ainda deixa muito a desejar, mas um dia a gente chega lá.