Após 7 longos dias de um mix de sofrimento e um conjunto de sensações muito estranhas e contraditórias, eu e meu parceiro Weimar Pettengill, completamos o Brasil Ride.
Uma prova como essa, não dura somente a semana na qual ela acontece, ela dura meses. Desde que se decide participar e os LONGOS treinamentos começam a ser feitos, o Brasil Ride já começa, as expectativas, os medos, as ilusões… TUDO!
Essa é a 5ª vez que o Weimar participa da prova, enquanto eu participei pela segunda vez. O Brasil Ride é uma coisa muito estranha que acontece na nossa vida. Você passa tanto tempo em cima da bicicleta, pensando em sobreviver, em não quebrar seu corpo, em não quebrar sua bike, em não quebrar a sua mente, que não te sobra muito tempo para pensar em outras coisas.
Parece que você volta ao estado de origem do ser humano, onde as preocupações da vida urbana não existiam e o instinto de sobrevivência natural era o que comandava.
Os sentimentos contraditórios que citei acima acontecem justamente por conta dessa volta aos instintos mais “simples”. Todos os dias você termina absolutamente exausto, sem nenhum pingo de energia sobrando em seu corpo, mas com uma satisfação inexplicável. De onde vem essa satisfação… Sinceramente não sei!
Além do mais, temos a oportunidade de presenciar a beleza estonteante da Chapada Diamantina, que tem locais simplesmente LINDOS e ao mesmo tempo uma população muito sofrida, mas extremamente generosa e bondosa. Por lá se vê o tipo de atitude de bondade que não se vê em locais onde as pessoas são mais abastadas.
A primeira vez que se termina o Ride é mais chocante! Você conclui a prova totalmente deslumbrado. Eu achava que da segunda vez não sentiria mais essas coisas estranhas. Realmente as emoções não são tão fortes como as da primeira vez que você completa, mas são diferentes, as dificuldades mudam e as interpretações também e confesso que terminei a última etapa beeeem emocionado nessa segunda vez.
Fiquei muito feliz de ver a enorme quantidade de pessoas que foram para o Brasil Ride inspirados pelo documentário De Zero a 600, que produzimos ano passado e fiquei mais feliz ainda de ver a emoção e as lágrimas dessas mesmas pessoas ao cruzar a linha de chegada. Pessoas que fizeram questão de vir me agradecer pelo trabalho e por ter “trazido” elas para aquele evento.
Fiquei triste também em ver muitos amigos que infelizmente foram vencidos pela brutalidade da prova, mas que se sentem ainda mais desafiados a concluírem a jornada.
Então é isso! Mais uma vez pedalamos, sofremos, machucamos, cozinhamos, quase morremos e TERMINAMOS. Assim como ano passado, continuo recomendando: Acho que TODO mundo deveria se dar a chance de se desafiar com uma prova dessa dificuldade. É a melhor forma de você descobrir quem realmente é!