Fala Galera do PraQuemPedala,
Confesso que o teste de hoje é a realização de um desejo de algum tempo.
Sempre fui muito curioso com a modalidade ciclocross.
Acho que, no fundo, ao olhar uma bicicleta de speed, com freios de mtb, sendo utilizada na terra, fazia com que achasse que o ciclocross fosse uma mistura das duas modalidades que tanto curto.
No entanto, algumas impressões mudaram radicalmente nesses 30 dias em que tive a minha disposição a Stigmata, bike de ciclocross da Santa Cruz (http://www.santacruzbikes.com.br/bikes/29/).
Vamos aos testes.
Em primeiro lugar, entendo que, essa bike, deve ser analisada sob alguns aspectos diferentes do usual.
Isso porque, apesar de ser uma bike de uso específico para ciclocross. Ela também pode ser utilizada para rodar no asfalto (inclusive com opção de rodas mais leves) e existem também, algumas considerações àqueles que pretende utilizá-la na terra mas com um pouco mais de sangue no olho.
Ou seja, muito tem se falado em utilizar as bikes de ciclocross pra complentar os treinos de MTB ou fugir do risco do transito das cidades.
O que é o ciclocross?
Um site extremamente bem conceituado no mundo ciclístico definiu, em uma de suas matérias a modalidade assim:
“O cyclocross é uma modalidade predominantemente de inverso, onde se usa bikes de estrada para andar na terra e a temporada vai de setembro a fevereiro no hemisfério norte. As provas da elite masculina tem em geral 1h de duração e 40 minutos para as femininas. Com voltas curtas, com aproximadamente 1km. As condições são bastante complicadas, incluindo lama, areia, neve, terra e etc…”
Caso queira ver toda a matéria, segue o link: (https://www.praquempedala.com.br/blog/video-o-que-o-cyclocross-a-modalidade-que-se-anda-com-bike-speed-na-lama/).
Dito isso, passemos aos testes.
Como podemos perceber, é impossível não pensarmos, inicialmente, que a bike de ciclocross é uma speed feita pra andar na trilha. Por isso, os testes que realizei foram em três tipos de ambiente: asfalto, trilhas de MTB e estradões de terra.
A Stigmata.
A bike que testei veio com a seguinte configuração:
“Stigmata Carbon C com kit Rival – Quadro 100% carbono proprietário Santa Cruz, garfo 100% de carbono e cockpit Zipp. Grupo completo SRAM Rival (câmbio dianteiro e traseiro, passadores, freios hidráulicos à disco, corrente e pé de vela com coroas de 46 e 36 dentes, cassete de 11-28 dentes). Discos de freio Avid Centerline de 160mm de diâmetro, caixa de direção integrada Cane Creek 40. Guidom, mesa e canote Zipp Service Course, fita/grip Santa Cruz, cubo dianteiro DT Swiss 370 de 15x100mm, cubo traseiro DT Swiss 370 de 12x142mm, aros WTB Asym i19, pneus Maxxis Mud Wrestler 700Cx33mm Tubeless com selante Stan’s No Tubes, e selim WTB Silverado Pro.
Preço R$21.490.”
Uma coisa que me chamou a atenção foi a qualidade dos componentes como canote, mesa e guidom. Mesmo a bike de entrada já vem equipada com itens de altíssima qualidade.
Estradões de Terra
Quando a bike me foi entregue, ela tinha sido utilizada por um amigo e este me orientou a manter uma posição de guidom mais elevada do que estamos acostumados quando utilizamos bikes de speed.
Mantive assim uma posição menos agressiva, ajustei a altura de selim de acordo com o que uso normalmente e partimos para enfrentar o teste.
Decidi começar pelos estradões porque tinha a impressão que seria o terreno em que ela mais se sobressairia.
Eu tinha razão.
Os pneus 700X33 tem um gripe impressionante. Pra mim esta foi a maior surpresa!!. Olhei aqueles pneus fininhos e com cravos baixos e pensei que não ia segura nada, mas mesmo em subidas de até uns 12 graus de inclinação podemos pedalar em pé que o pneu não escorrega.
Isso nos dá uma vantagem incrível.
Nesse teste, um amigo me acompanhou de MTB. Quando estávamos voltando pra casa, pegamos um trecho de uns 4 kms de subidas de uns 6% de média. Ele sofreu bastante pra ficar na minha roda. A bike rende um absurdo nessas condições.
Se sua idéia é utilizar a bike em estradões de terra, pode ir confiante que, nesse terreno, ela dá tudo que tem.
Claro que, quando estamos em trechos de costela de vaca ou de terreno muito duro, o conforto fica um pouco prejudicado.
Daí, recomendo utilizar pneus com líquido selante, com isso, podemos manter uma calibragem mais baixa que ajuda no conforto.
A relação de marchas se mostrou bem equilibrada para este tipo de terreno também. Utilizei duas coroas 46/36 com cassete 11-28.
Nas trilhas de MTB.
Aqui em Brasília temos visto alguns atletas andarem de ciclocross nas trilhas que usualmente fazemos de MTB.
Por isso, resolvi testar a bike nesse ambiente mais extremo.
Antes de qualquer coisa, essa bike não foi pensada para ser uma MTB. Ela tem um propósito específico que é o ciclocross. Eu que decidi ir mais fundo e ver até onde ela agüentava.
Confesso que fazer trilhas com ela é tenso, como temos muitos drops e curvas fechadas com cascalho solto, fiquei o tempo todo muito, muito concentrado em manter a frente da bike sob controle.
Esse teste, também fiz com uma turma, por isso, tive que acompanhar o ritmo deles, não dava pra ficar descendo tudo devagarzinho. Algumas horas tive que por pra baixo e confiar mas no fim, deu tudo certo.
Sob tais condições, a bike se mostrou bem arisca, é um pedal tenso.
O conforto fica prejudicado e ela bate um pouco.
Apesar de tudo isso, eu nunca fiz nada no MTB que me fizesse aprimorar tanto a minha técnica quanto esses pedais de ciclocross nas trilhas.
Como a bike fica extremamente arisca, não existe a possibilidade de transpor os obstáculos na grosseria, ou você sabe o que está fazendo ou a bike vai cobrar o preço.
Pra se ter uma idéia, mesmo aqueles obstáculos que passamos de MTB apenas embalando, de ciclocross, se não puxarmos a frente e fizermos o balanço com o corpo, a bike não sobe.
Fiz um vídeo e postei no meu instagram ( lelo1@instragram ), onde dá pra ver a levantada da frente e o jogo de corpo que temos que fazer pra bike escalar o cupinzeiro.
Se você está pensando em comprar essa bike pra utilizar em trilhas mais pesadas, saiba que ela vai transformar sua técnica, é uma verdadeira escola.
No Asfalto.
No asfalto a bike rola bem, mas isso não quer dizer que ela seja uma bike de speed.
Isso porque os pneus são 700X33, algo bem mais largo que os tradicionais 700X25 que usualmente vemos nas bicicletas de Road. Além disso, os pneus tem cravos que não durarão muito se utilizados no asfalto.
A relação dela é 46X36 num cassete de 11-28, uma relação que tem menos marchas pesadas que as utilizadas nas bikes de estrada.
Isso significa que se você estiver utilizando uma ciclocros em um pelotão de ciclismo de estrada e o pessoal apertar o passo ou pegar uma decida mais íngreme, você provavelmente vai ser deixado pra traz.
Uma solução barata pra quem pretende utilizar essa bike na estrada é comprar um prato (coroa) de 52 dentes e um par de pneus 700X25.
Com essas pequenas alterações a Stigmata, se transforma em uma bike de speed.
No Ciclocross.
Quando estamos falando em ciclocross, a Stigmata é um avião. É, certamente a bike dessa modalidade mais eficiente que já andei. E olha que a bike testada foi a de entrada.
O fato de o quadro ser full carbon ajuda muito na questão do conforto, que já é tão prejudicado pelas características da própria modalidade.
A bike é leve, responde rápido, tem um conjunto de freios a disco que a seguram sob qualquer condição de clima.
Como disse antes, o grip dos pneus é fantástico. Nem dá pra acreditar que um pneu fino pode te empurrar ladeira a cima desta forma.
Aqui também faço a recomendação de utilização dos selantes ao invés de camaras de ar. Isso vai ajudar no peso, no grip, no conforto e na segurança de que você não ficará no prego.
Finalmente, se você está pensando em se aventurar pelo ciclocross a Stigmanta é uma excelente opção.
Uma dica para os iniciantes do esporte, comecem com uma posição mais elevada de guidom e, com o tempo, podem ir retirando os espaçadores e entrando em uma posição mais agressiva. O tamanho da espiga da Stigmata ajuda bastante nisso, o curso é bem longo.
Falo isso porque uma coisa que percebi, e que pude notar nos vídeos de ciclocross que assisti, é que quase 100% dos tombos são perdendo a frente.
Pra mim também foi de onde vieram os maiores sustos. Vez ou outra temos a sensação de que a frente vai escapar.
Mas isso é característico da modalidade, é resultado da combinação de chão escorregadio, inclinação, posição do ciclista e pneus mais finos.
Por isso, se está começando, fique atento à frente da bike. No mais é só diversão.
Conclusão
A Stigmata é um bike de ciclocross sensacional!!
Mas também é uma bike tão versátil que pode ser utilizada de várias outras formas. Seja pra fugir do trânsito das grandes cidades, seja pra complementar os treinos de MTB.
Por isso os testes foram feitos sob as mais variadas condições.
Se você tem, perto de casa, estradas de terra, em boas condições, e quer fugir dos carros, essa bike vai lhe ser muito útil. Também indico para àqueles que rodam em trechos mistos, terra e asfalto.
Aliás, essa é uma tendência mundial. Nunca tivemos tantas “Grave Bikes” como nos dias de hj.
Gostou do teste?
Quer mais informação? Curiosidades?
Siga a gente no Instagram lelo1@instagram.
Ou ainda, visite a página da Santa Cruz nos endereços http://www.santacruzbikes.com.br/, no facebook.com/santacruzbrasil ou, ainda, no instagram @santacruzbikesbrasil.
Segue uma galeria de fotos com as novas cores da Stigmata.