Ontem tivemos uma infeliz acontecimento no Campus da UFRJ. Três ciclistas foram atropelados por um motorista que “não viu” o pelotão nem o carro de apoio…
Fonte: Alex Gomes
Um dos locais preferidos por ciclistas que treinam velocidade, a Ilha do Fundão, precisa ser melhor definido para essa atividade, urgentemente. O acidente de quinta-feira passada, 10/5, deixou dois no Hospital Souza Aguiar, centro cirúrgico de traumato-ortopedia, um dos piores locais para ciclistas que treinam velocidade.
Diz a boa educação que você considera quem chega primeiro. Manda a moral proteger os mais frágeis. Quando o Fundão era um oásis de espaço na apertada Zona Norte, os ciclistas já treinavam por lá. Com o crescimento exponencial da Petrobrás e vizinhos, fizeram até um viaduto, mas nenhuma plaquinha de CICLISTAS TREINANDO !!
Humberto Schmidt, 49, e Rogério Trovão, 20, estão no Souza Aguiar. Ricardo Xavier, 32, está em casa. E Daniel, Charles e Reginaldo, nada sofreram. O Humberto deve colocar pinos na perna, teve o rosto machucado, levou pontos. O Rogério quebrou a perna, cortou o braço e deslocou o ombro, além de uma pancada na vértebra sem lesão. O carro de apoio aos ciclistas foi atingido e as bicicletas.
O local é aberto, apesar de ter sido à noite, a visibilidade é total, a pista é larga. O autor, João Vilaça Fº, diz que não viu o carro ao fazer a curva, se assustou, atropelou os ciclistas, depois o Humberto, depois o carro. Ou seja, ele admite que todos os ciclistas estavam no meio-fio e o carro parado à frente, mas que se assustou ao fazer a curva e ver o carro parado ” em local proibido “, como notou antes de bater. O sujeito é um gênio, então. Consegue raciocinar questões de tráfego enquanto se assusta.
A história dos ciclistas é a de todos os ciclistas que por ali treinam. Luz acesa o tempo todo alerta ligado. Dois deles pararam por problemas na bike, os outros foram buscar o carro de apoio. Que chegou depois, parou à frente deles e o Humberto saiu do carro para ir aos ciclistas parados. Quando surgiu o atropelador levantando os ciclistas, depois o Humberto.
A cobertura de mídia, àquela hora da noite, não foi das melhores. Com excessão da CBN, que ouviu os ciclistas e passou a matéria para o Globo, os outros arrumaram uma versão de ” ciclistas atravessando ” que não consta do boletim de ocorrência. E para caracterizar a eterna discriminação e ignorância sobre bicicletas, o autor João Vilaça Fº diz que ” há uma ciclovia que passa por ali “, como quem diz ” o que vocês estão fazendo na minha pista de carros ? “.
Estamos fazendo uma equipe de competição, a ACIG-Portuguesa, mas o João Vilaça Fº terminou com a primeira versão dela. Outras virão. Agora é cuidar das feridas, rever o processo, pedir ajuda de quem leu até aqui. Vamos nos reunir quinta-feira, de 4h às 6h, no local do acidente, para tentar um pouco mais de segurança aos que ainda treinam por lá.
E quem gosta de ser visitado quando está doente ou quebrado, vá ao Souza Aguiar e dê uma força, leve umas frutas. Se conhece algum médico por lá, fale com ele, peça atenção ao atleta que ainda está esperando cirurgia. A ACIG vai contratar serviço de advogado para proteger os direitos evidentemente vilipendiados nesse processo inicial. Vamos passar o chapéu porque nossa associação ainda é pequena mas não vai acabar na Ilha do Fundão.