Fala Galera do Praquempedala,
Na coluna de testes de hoje testaremos a TallBoy, a bike de XC da Santa Cruz.
Já adianto que farei o Brasil Ride com essa bike. Por isso, farei este post com as primeiras impressões e um depois do ride pra contar como ela se saiu nesse grande desafio.
Algumas considerações sobre a escolha da bike.
Para provas de maratona, normalmente, escolhemos bikes de XC full suspension.
Isso se dá porque passamos muito tempo em cima da bike. No Ride, cada etapa dura em média de 5 a 6 horas.
Daí, o conforto e o baixo peso são fundamentais.
A TallBoy tem uma configuração um pouco diferente das bikes mais tradicionais de XC.
Isso porque a Santa Cruz é uma marca que tem uma pegada mais descolada, onde a diversão é o mais importante.
A cultura do MTB nos EUA é um pouco diferente da nossa. Lá, eles não são tão preocupados com peso e preferem bikes com um pouco mais de curso de suspensão pra poderem encarar obstáculos mais desafiadores.
O que não quer dizer que a TallBoy não tenha compromisso com a performance. Muito pelo contrário, as soluções encontradas para essa bike são beeeem interessantes.
A primeira diferença, como já adiantado acima, tem a ver com o curso das suspensões, um pouco mais longos que os tradicionais, 120mm na dianteira e 110mm na traseira. Isso faz com que a bike fique mais confiável nas descidas mais técnicas e, extremamente confortável, nos pedais mais longos.
Outra característica que notamos de imediato é o tamanho do guidão, é imenso, originalmente com 760mm. No meu caso, diminuí para 740mm, 40mm mais longo do que estava acostumado a usar.
Temos ainda, o triângulo traseiro que é extremamente curto, o dá uma agilidade maior nas curvas e, de quebra, ajuda na tração também.
Finalmente, um canote retrátil de curso longo 150mm, que ajuda demais nas decidas e curvas mais técnicas.
No que toca o peso, o quadro é full carbono, inclusive o triângulo traseiro, o que faz o conjunto ficar bem leve. Para se ter uma idéia, a bike que escolhi ficou com cerca 12 kilos já com pedais e porta caramanholas.
Configurações da bike.
A bike que escolhi para o Brasil Ride tem a seguinte configuração.
Suspensão Fox 34 Float 29 Performance Elite(Fox 34 Float Performance Elite 130 com 27.5+), amortecedor Fox Float Performance Elite, Grupo SRAM X01 Eagle (câmbio traseiro,passadores, pé de vela e coroa com 30 dentes e corrente), cassete SRAM XG1295 10-50 dentes, freios SRAM Level TLM, disco de freio Avid Centerline de 180mm, caixa de direção Cane Creek 40 Integrada, guidom Santa Cruz Carbon Flat Bar de 31.8mm por 750mm (nos tamanhos S-M) e 780mm (nos tamanhos L-XXL) , avanço Raceface Turbine Basic, punhos Santa Cruz Palmdale Lock-on, cubo dianteiro DT Swiss 350 110×15, cubo traseiro DT Swiss 350 148×12, aros Race Face ARC 24; 28h(Race Face ARC 40 com 27.5+), raios DT Swiss Competition Double-Butted, pneu dianteiro Maxxis Minion DHF Exo 3c; 29×2.3(Maxxis Rekon EXO 3C, Tubeless Ready, 27.5×2.8), pneu traseiro Maxxis Ardent Race Exo; 29×2.35(Maxxis Rekon Exo; 27.5×2.8) com tubo selante STAN’s, canote Rock Shox Reverb Stealth 31.6x 125mm de curso (no tamanho S), 150mm(nos tamanhos M-XL) e 170mm (no tamanho XXL), selim WTB Silverado Team.
A bike foi montada na Velloce Bikes.
Os meninos de lá tiverem um carinho imenso com a bike e comigo.
A loja é a representante da Santa Cruz em Brasília e eles tem nos ajudado sempre que precisamos.
Fica aqui meu sincero agradecimento.
Alterações que fiz na bike.
A primeira coisa que fiz foi um Bikefit para achar a melhor posição.
Cortei o guidão para deixá-lo com 740mm. Isso foi sugestão do André Sanches, piloto de Enduro da Santa Cruz. Ele me assegurou que com essas medidas mais largas a bike ficaria mais estável nas decidas mais técnicas e quando em velocidades mais altas.
Nos testes isso se confirmou. Valeu Andrezão pela dica!!
O pedal que utilizo é um Shimano XT. Acho ele o melhor custo benefício do mercado.
Troquei o selim original da bike pelo que estou acostumado a usar. Como vou pro Ride não posso me dar ao luxo de testar selim a cerca de um mês da prova.
Também encomendei uma trava remota para a suspensão dianteira. Esse é, até agora, um dos únicos defeitos que encontrei na bike. Para quem pretende utilizá-la para XCO ou Maratona, a trava remota faz diferença.
Para quem pretende utilizar a bike para Enduro a trava é dispensável.
A suspensão traseira não precisa de trava remota. O sistema VPP é bem eficiente e mantém a suspensão rígida mesmo quando o ciclista está sprintando( essa palavra existe? Vocês entenderam, né?) ou pedalando em pé.
Impressões dos primeiros roles.
Já rodei cerca de 400 kms com a TallBoy, logo, já tenho uma boa idéia do que a magrela é capaz.
Comportamento da Bike no Plano – estradão.
Venho de uma bike de XC (puro), por isso, achei que Santa Cruz seria um pouco mais amarrada no estradão, mas não foi o que aconteceu.
Muito pelo contrário, quando fiz o bikefit, pra minha surpresa, mesmo posicionando a mesa o mais alto possível, notei que a posição final ficou um pouco mais agressiva que a posição que costumava utilizar na minha bike antiga. O fit foi feito com os mesmos parâmetros, a mudança de posição se deu apenas pela diferença de geometria entre os quadros.
Isso quer dizer que na Santa Cruz, minha posição ficou um pouco mais aerodinâmica, o que facilita para manter um passo mais forte.
Resultado, a bike rola muito bem no plano.
Uma observação importante, mantive o par de pneus que estava utilizando na bike antiga para não comprometer o teste.
Comportamento da bike na subidas.
Nas subidas menos íngremes a bike vai super bem, o eagle X01, com 32X50 ajuda bastante e o escalonamento de marchas é extremamente bem encaixado. Não temos saltos muito grandes!! O grupo tem se mostrado, realmente, um sucesso. O melhor que já utilizei até hoje. Depois faço um post só sobre ele.
Já nas subidas extremamente inclinadas, no início, senti que a frente da bike ficava um pouco solta, vacilando um pouco. Parecia que ela tinha uma tendência a empinar.
Daí é preciso jogar o tronco um pouco mais pra preto do guidão, fechar os cotovelos e sentar um pouco mais à frente do banco. Ainda estou me acostumando com isso, pois a posição varia um pouco em relação à bike antiga. Mas isso vem com o tempo. Sempre que se troca de bike isso acontece.
Um fato que me chamou a atenção foi o tanto que a bike traciona bem.
Tanto que fui analisar um pouco mais detalhadamente a geometria do quadro e descobri que o triângulo traseiro dela é 2cms mais curto que a minha outra bike. Isso é muita coisa.
Isso faz uma diferença enorme na tração e manobrabilidade da bike.
Com esse triângulo traseiro tão curto, o selim fica quase que em cima da roda de trás, jogando o peso um pouco mais pra trás também e, conseqüentemente, melhorando a tração.
Comportamento da bike na descida.
Aqui a bike mostra seu DNA.
É impressionante o tanto que a bike desce bem. Certamente a melhor bike pra descer que já utilizei.
A geometria da bike, o guidão largo, o sistema VPP, os 120mm de curso na dianteira e o canote retrátil, somados, fazem da TallBoy um maquina de descer.
Fiz dois pedais na mesma trilha e nos dois bati meus PRs sem fazer esforço.
A bike vai embalando naturalmente e a dirigibilidade é tamanha que a impressão que dá é que nem estamos tão rápidos. Sabe quando pegamos um carro desses fodas e andamos a 120km/h tendo a impressão que estamos a 60km/h, é bem parecido com isso.
A estabilidade impressiona, a suspensão dianteira simplesmente passa por cima de tudo sem o menor esforço.
O sistema VPP dá uma segurança fantástica e ainda te empurra pra frente. Quando a suspensão traseira trabalha, no retorno dá pra sentir um impulso pra frente. Isso é bem legal e também faz com que a bike ganhe velocidade. A impressão é que ela acelera sozinha.
Na decida, essa bike é covardia.
Comportamento da bike nos singles tracks.
A junção do guidão mais largo, com a traseira bem mais curta e a possibilidade de baixar o canote de selim fazem a bike ficar muito ágil nas partes mais técnicas.
Como a posição de pilotagem é bem mais pra trás que a que eu estava acostumado, basta dar uma levantada do banco e já estamos na posição de ataque. Na bike antiga eu precisava levantar e projetar o corpo pra trás.
Essa nova posição é bem mais equilibrada, não sinto uma tendência do corpo de ir pra frente, isso ajuda a tirar o peso da frente e a bike fica mais ágil.
Com o Eagle X01 fica fácil de trocar marchas mesmo pedalando em pé, daí em um single técnico, com muitas curvas fechadas, podemos descer o canote de selim, ganhando agilidade pra fazer os cotovelos e sem perder a potência nos pedais.
Além disso, com o canote de selim totalmente abaixado (são 150mm de curso) a bike fica bem pequena, a impressão que dá é que estamos em uma bike de BMX, tamanha a agilidade e a facilidade de manobrar.
Sugestões de aprimoramento da bike
Os únicos defeitos que encontrei foram a falta de trava remota, isso vale apenas para aqueles que pretendem utilizar essa bike para XCO e Maratona. No enduro esse item é dispensável.
Um segundo espaço para garrafa de água também seria bem vindo. Os Maratonistas sentem muita falta disso.
Outra coisa que poderia ser mudada é a configuração de pneu que acompanham a bike.
Eles são muito extremos para o Brasil.
Os modelos escolhidos poderiam ser mantidos mas a largura poderia ser bem menos agressiva.
Aqui em BSB utilizamos pneu 2.1, no máximo 2.2. Os originais dela são 2.35 e 2.40.
Mais uma vez, se você pretende utilizar essa bike pra fazer Enduro, os pneus originais vão te atender super bem.
Conclusão.
Como vocês devem ter percebido, eu simplesmente ADOREI essa bike.
Certamente é uma das melhores bikes que já andei, se não for a melhor.
Vamos ver como ela se comporta no Brasil Ride, porque nas trilhas de Brasília e Piri ela tem arrepiado.
Grande abraço a todos.
Espero que tenham gostado.
Qualquer dúvida basta entrar em contato com a Santa Cruz Brasil no endereço: http://www.santacruzbikes.com.br ou no instagram @santacruzbikesbrasil
Em Brasília, a Velloce bikes é a representante: http://velocebikeshop.com.br
Não esqueçam de nos seguir no Instagram @lelo1
Até a próxima