Nas última etapas da Copa do Mundo de MTB, vimos um verdadeiro domínio das Full-Suspension nas primeiras posições do pódio. Isso quebra (mais uma vez) alguns paradigmas do Cross Country.
Antes de mais nada… Eu sei que vão ter uns 20 comentários aqui de uma galera que sempre escreve a mesma coisa: “É o ciclista que vence e não a bike”… “O Schurter é o pica das galáxias e ele ganha até de Barra Forte”… “Ele só esta correndo de full porque a Scott obrigou”… Enfim. Antes de escreverem a mesma coisa de sempre, parem para a situação e principalmente LEIAM a matéria!
Voltando… Na penúltima etapa da Copa do Mundo de MTB, em Windham, ficou nítido que a escolha de Schurter, de correr com uma Spark da Scott, com suspensão traseira, fez com que ele vencesse a prova. O ritmo de Absalon (que estava de HT) nas subidas era MUITO mais forte que o de Schurter. Mas era começar a descida e Schurter simplesmente sumia na frente de Absalon. O que não acontece quando os dois estão de Hard Tail.
Na final da Copa do Mundo a mesma coisa aconteceu. Schurter abria de 15 a 20 segundos de Absalon nas descidas, que tirava de 10 a 15 segundos de Schurter na subida.
Foi interessante também observar a briga entre Absalon e Manuel Fumic, da Cannondale, que também estava de full-suspension. Fumic era nitidamente mais fraco que Absalon nas subidas. Mas na descida ele quase passava por cima do adversário. Era visível a maior dificuldade de Absalon ao passar pelas pedras grandes, raízes e outros obstáculos do que seus adversário.
Por conta do resultado de Windham, Julien Absalon foi visto treinando em Meribel, onde foi a final, vários dias utilizando a full-suspension, mas de acordo com a equipe dele, ele não conseguiu se adaptar a full em tão pouco tempo e quis pedalar com sua Hard Tail. Mas acabou pagando o preço.
Dois motivos são responsáveis por essa ascensão das bikes com suspensão traseira no MTB. 1 – A evolução tecnológica das bikes; 2 – O aumento do nível técnico dos percursos.
A evolução tecnológica tem oferecido cada vez mais bicicletas de dupla suspensão com peso reduzido e um sistema que praticamente elimina a perda de energia das pedaladas por conta da suspensão.
Os percursos estão oferecendo uma dificuldade tão alta, que a vantagem a full-suspension oferece, tanto nas subidas muito técnicas, supera a desvantagem que ele possam ter nas subidas.
Achei interessante um comentário que o Bart Brentjens, primeiro campeão olímpico de MTB, que é uma verdadeira lenda e comenta as provas da Copa do Mundo, fez durante a transmissão. Ele comentou que o Absalon vai ter que mudar para full para Schurter. A justificativa é que esses caras tem um nível técnico tão alto, que é difícil de evoluir, portanto eles tem que evoluir o equipamento.
A grande diferença que eu me refiro no título é justamente essa. Absalon estava com um condicionamento melhor que o de Schurter, isso ficava claro nas subidas, mas isso não foi suficiente para vencer Nino, que estava com um equipamento que o permitia descer MUITO mais rápido.
Portanto, como essa tendência de percursos mais técnicos não deve deixar de acontecer e as bikes não param de evoluir, cada vez mais veremos as full-suspension dominando as provas de XCO.